quarta-feira, 20 de junho de 2012
quarta-feira, 2 de maio de 2012
O mercado da educação

Muita gente já se deu conta e muitas correntes já vem defendendo a idéia de que a educação não é só na escola que se aprende, isso é claro e fundamental, pois o processo educativo está inserido em todo o caminho de crescimento e amadurecimento de uma pessoa, e perpassa desde os seus conhecimentos adquiridos através da família até suas relações e experiências pessoais no decorrer da sua vida.
No entanto merece destaque, de uma forma particular, o processo de mudanças que tem sofrido nosso sistema educativo, do ensino básico, fundamental e médio. Todo mundo clama por mudanças, cobra isso das políticas publicas e exige uma educação de qualidade, por ser ela o motor do desenvolvimento social de uma nação, mas se abrirmos bem os olhos vamos perceber que muitas mudanças já ocorreram e continuam em ritmo cada vez mais acelerado, talvez a forma como se apresentam a nós já se tornou tão comum que nem tenhamos percebido o impacto que tem causado sobre a nossa geração.
Hoje podemos falar de um “mercado” da educação como se fosse uma feira, onde os vendedores tentam persuadir seus fregueses a comprarem do seu produto. Enquanto o sistema de ensino público procura galgar passos em vista de um progresso, que não pode ser desprezado em termos gerais, o sistema de ensino privado já investe em grandes saltos rumo à comercialização de uma educação devidamente “enlatada” e preparada de acordo com o público-alvo.

Nesse novo cenário é que teve inicio a grande maratona dos pequenos e grandes colégios em busca de alunos para ocupar suas salas e listas de chamada. É uma inversão interessante de posições e valores que provoca uma mudança radical nas estruturas, acostumadas ao tradicionalismo das grandes escolas de antigamente, onde a educação não passava de uma simples transmissão e memorização de conteúdos, apelando inclusive para meios repressivos de disciplina. Ou seja, nos moldes tradicionalistas os alunos não têm voz nem vez, o que não é mais aceito no nosso novo contexto, e no geral os filhos estudavam na mesma escola que seus pais, e os pais de seus pais, porque a educação era vista em termos assumidamente tradicionais, e a experiência dos pais era fator predominante no que seria repassado aos filhos.
Hoje a sociedade como um todo caminha para a valorização do individuo como ser humano livre, pensante, capaz de fazer escolhas e responsável pelo próprio amadurecimento, a passividade não é mais aceita e o próprio mercado de trabalho exige pessoas ativas, no geral, verdadeiros líderes. Nessa nova cena social, o individuo é tão supervalorizado que os alunos podem até escolher onde querem estudar. O que podemos até afirmar como uma conquista do poder da escolha.
Pode até ser que ainda pareça coisa extraordinária para alguns, mas convenhamos que pra muita gente não seja mais. Um exemplo disso é a busca pela aprovação no vestibular, quantos casos conhecemos de jovens que durante o ensino médio, trocam continuamente de colégio, na busca por um ensino de qualidade que o capacite e garanta sua aprovação. As opções hoje são inúmeras e é possível escolher a vontade.
Presenciamos então um verdadeiro espetáculo onde muitas escolas surgem com educação personalizada, salas multimídia com recursos tridimensionais, lousas interativas e até descontos especiais para quem trouxer seus amigos para estudar no mesmo colégio. No que se refere à vestibular, então nem se fala, qualquer pequeno edifício pode se tornar da noite para o dia um curso preparatório para o vestibular, processos seletivos e concursos públicos, e mais tardes muitos deles se convertem em escolas de pequeno porte que somam alunos pela facilidade, praticidade e baixo custo.
Então a educação de qualidade mesmo continua a ser privilegio de quem pode pagar por ela? É possível que sim, mas é sempre bom lembrar que nesse “mercado” da educação, como em todo o empreendimento que visa lucro, o que vale mesmo é a propaganda, logo, não se deve tomar como base apenas critérios financeiros ou estruturais para avaliar o nível de educação repassada em uma escola.

O que esta acontecendo com as escolas mais tradicionais pode ser, justamente, resultado dessa valorização do aluno e inversão de valores vivida atualmente no processo educacional. Um aluno que deseja uma educação mais participada vai procurar uma instituição que valorize o seu modo de pensar e a sua bagagem de conhecimentos já adquiridos fora da escola. Então não há mais espaço e aceitação para aquele antigo sistema onde o professor era a única figura que dominava o conhecimento e, sobretudo, aqueles meios de intimidação e exposição humilhante do ser humano já não são sequer legalmente aprovados.
A escola deve ser um ambiente onde o aluno possa se desenvolver e não só memorizar conhecimentos, um lugar que prepara o ser humano para a vida e que transmita boas recordações mais tarde, além de poder ser revisitado muitas vezes para uma reciclagem acadêmica. Escola não é só preparatório para vestibular e universidade não é só lugar para tirar diploma, mas escola também não é lugar de passividade e nem de retaliação do individuo. Portanto as escolas que não estiverem preparadas para esse novo fenômeno da valorização do individuo em suas particularidades, podem se preparar para fechar as portas, porque é um processo de crescimento social que não prevê caminho de volta.
A Rede das “Necessidades” Juvenis

Um olhar mais atencioso sobre essa nova realidade nos ajuda a compreender um pouco do que torna mecanismos como esses tão atrativos e frequentados. As estatísticas da comScore, empresa americana especializada em métricas, apontam que em 2011 os numero de internautas brasileiros alcançou cerca de 46,7 milhões, e desse número cerca de 44,9 milhões, 99% do total, acessam as redes sociais pelo menos uma vez ao mês. Outra pesquisa recentemente divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) indica que cerca de 85% dos internautas estão na faixa dos 16 aos 24 anos. Ninguém pode negar que a juventude é a primeira responsável pelo movimento que acontece hoje na internet.
A grande questão que surge é o que leva tantos jovens a penetrarem com tanta avidez nos espaços virtuais, e muitas vezes se fazer presença muito maior dentro da rede do que fora dela. A questão não é nenhuma novidade, na verdade é um tema que vem sendo discutido por psicólogos e educadores desde o começo da febre dos relacionamentos virtuais.
A grande questão que surge é o que leva tantos jovens a penetrarem com tanta avidez nos espaços virtuais, e muitas vezes se fazer presença muito maior dentro da rede do que fora dela. A questão não é nenhuma novidade, na verdade é um tema que vem sendo discutido por psicólogos e educadores desde o começo da febre dos relacionamentos virtuais.

Procuremos analisar a presença dentro das redes sociais, nessa era das necessidades: acessar o Facebook, ao menos uma vez por dia, por exemplo, se tornou uma grande necessidade para muitos jovens. É necessário receber uma mensagem nova, ser curtido, ter aquela sua frase ou pensamento compartilhado e ser notado. Até por que pela internet muita gente consegue ser mais espontânea do que na convivência real do dia a dia.
Um jovem que quase não tem vida social, dentro do mundo virtual esbanja popularidade, manifesta a própria opinião e se revela. E não é de hoje que começamos a presenciar um espetáculo onde vale tudo por uma dose de atenção, para somar relações e marcar presença na novidade do momento e sem todos estes mecanismos virtuais estas relações talvez não existissem. O fato é que muitos destes “amigos virtuais” não trocam ao menos um “bom dia” fora da rede.
É a partir deste momento que se revela a fragilidade e superficialidade das relações virtuais e é também onde entra o trabalho dos educadores. O objetivo não é minar os recursos existentes, mas neutralizar o efeito nocivo provocado por eles não só no campo das relações, mas também da identidade dos jovens, cada vez mais difícil de definir e amadurecer graças ao bombardeio cultural e midiático dos grandes meios de difusão.
A indústria do entretenimento tem sido uma das grandes, senão a maior, responsável pela construção da identidade cada vez mais indefinida das massas, do grande público. A juventude é a principal consumidora de todo produto e propaganda ofertados por essa indústria nas últimas décadas.
Tudo isso é fato e ao mesmo tempo não escapa da obviedade, está disponível para quem quiser ver. Portanto voltemos para nós mesmos e o nosso contato direto com essa realidade tão abrangente, muitos de nós já estamos inseridos nesse meio, sobretudo através das redes sociais, somos capazes de perceber a incidência e os efeitos delas sobre nós?

Voltando para o nosso foco que é a internet e a juventude, dentro da Congregação Salesiana já estamos falando dos “novos pátios” onde a nossa ação possa alcançar as novas gerações de jovens, cada vez mais difíceis de encontrar nos pátios físicos das nossas paróquias, escolas e obras sociais. O novo desafio é justamente encontrar uma forma adequada de acessar estes novos pátios, visto que a corrida atual é tão veloz que quando chegamos a acessar, de fato, a um mecanismo, ele já se tornou obsoleto. Portanto o desafio não é apenas o acesso, mas conseguir acompanhar a mudança, e falar de mudança não é fácil.
Estamos mesmo na era das “necessidades”, tanto para os jovens, como para crianças, adolescentes, adultos, idosos, padres, freiras, advogados, arquitetos, médicos, agricultores, políticos. Estas necessidades não são apenas conveniências, também existem neste meio as necessidades realmente válidas e a mudança é uma delas.
Para atingir os novos pátios, para que os novos acessos sejam possíveis demanda de nós interesse e empenho em um processo de mudança que já começou: o Documento de Aparecida nos fala à respeito das comunidades missionárias, que estas devem “entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé” (DAp 365) e em outra passagem nos recorda que é “urgente a criação de novas estruturas pastorais, visto que muitas delas [existentes hoje] nasceram em outras épocas” (DAp 173) para atender às necessidades de uma realidade especifica. Creio que isto seja válido também para a nossa missão urbana com a juventude inserida em novas estruturas.
O “produto” que nós ofertamos à juventude é a pessoa de Jesus Cristo e, na linguagem salesiana, a salvação das almas. Se quisermos “colocar” o nosso produto no mercado atual precisamos ser mais do que nunca criativos, o que não implica em uma “concorrência” de nossa parte, o que seria ridículo, e nem uma luta equiparada, ou seja, utilizando as mesmas armas de outras denominações. A igreja tem suas próprias “armas”: a profecia, a santidade de vida, a solidariedade cristã. Mas o nosso anúncio do evangelho hoje continua a exigir de nós conhecer e participar dos novos meios de forma ativa e significativa.
Nem tudo é novidade, os jovens de hoje continuam buscando a Deus. Contudo uma parte expressiva dos jovens internautas tem revelado que a forma com que esses instrumentos virtuais vêm sendo empregados nos últimos tempos precisa ser reavaliada. A idéia inicial e as possibilidades oferecidas pelos mecanismos de redes sociais têm todas as condições de oferecer ainda muito mais do que relações superficiais e já oferece, basta agora que possamos superar esse nível de necessidades puramente atávicas e avançar para um nível maior de relevância educativa.
E Dom Bosco nos recomenda ainda hoje que para conquistar os jovens é preciso se aproximar deles, se interessar por aquilo que a eles interessa, pelas suas coisas, “amar o que eles amam”, para que depois eles também se interessem por aquilo que queremos transmitir a eles: o amor que Deus tem por eles.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
A terra sem lei

A internet
foi uma ferramenta surgida em tempos de guerra, claro que não do jeito como a
conhecemos hoje, mas como meio de comunicação sua evolução se deve ao adventos
em gerações passadas de outros meios: cartas, telegramas, telegrafo, telefone,
rádio e televisão. Portanto se fomos observar o seu desenvolvimento vamos
encontra-la com as tropas do exercito americano e soviético em tempos de guerra
fria, mais tarde em orgãos de segurança nacional como o Pentágono, e hoje ela
está nos nossos netbooks e celulares.
Um caminho
tão longo como esse não foi a toa, além do mais, depois de ter passado por
orgãos de defesa nacional e internacional tão rigorosos, seria muita
ingenuidade acreditar que para nós, cidadãos comuns, ela fosse um espaço
totalmente livre de intervenções externas.
Ou seja, é
melhor ter cuidado com o que fazemos fora e dentro da rede também, eu não posso
discriminar uma pessoa por sua cor ou por sua cultura, ou mesmo pelo modo de
vestir e de falar, fora da rede, e pior ainda é fazê-lo dentro, organizando
comunidades com o intuito de expor uma pessoa à humilhações e situações
constrangedoras. Organizar “badernas” com torcidas organizadas em estadio de
futebol através de uma rede social? Nem pensar, é crime também.
E daí por
diantes segue-se uma lista de crimes virtuais que tem sim punição, que vão de
multas por danos morais até a cadeia. E quem está por fora desses meandros do
mundo virtual é bom procurar se informar melhor, existe um Fórum de Justiça
especializado em crimes virtuais, e a conscientização é o primeiro passo.
A pessoa
humana tem o direito de ser valorizada dentro e fora dos muros da rede worldwideweb e precisa conhecer e buscar
seus direitos. O anonimato virtual não deve servir de desculpas para fazer
bagunças num mundo alternativo.
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